A água é um recurso natural renovável abundante, que ocupa aproximadamente 70% da superfície do nosso planeta. No entanto, 97% desta água é salgada e, portanto, imprópria para o consumo. Menos de 3% da água do planeta é doce, das quais 2.5% está presa em geleiras. Dos 0.5% de água restantes no mundo, a maior parte está presa em aquíferos subterrâneos, dificultando o acesso humano.

 

Somente 0,04% da água do planeta disponível na superfície, em rios, lagos, mangues, etc. como mostra a figura abaixo.

 

Distribuição da água no planeta:

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Fonte: UN Water, 2006.

 

Além de ser um recurso limitado, a água doce disponível é distribuída de maneira desigual pelo mundo. 60% da água doce disponível está concentrada em 10 países: Brazil, Rússia, China, Canadá, Indonésia, EUA, Índia, Colômbia e Congo. Isto somado às diferenças na densidade populacional nas regiões do mundo, faz com que hajam grandes variações de disponibilidade de água per capita, como mostra a figura abaixo.

 

Índice de disponibilidade de água per capita (m³/pessoa/ano):

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Fonte: (Revenga, C., 2000) em UN Water, 2006.

 

Ou seja, o planeta tem água em abundância, mas ela não está prontamente disponível, sua distribuição é desigual e assegurar o acesso à água de qualidade para todos os fins humanos implica em custos altos. Em consequência disto, estudos feitos pela Organização Das Nações Unidas (ONU) nos mostram que cerca de 10% das pessoas no mundo não têm acesso a uma quantidade mínima de água potável para consumo diário e grande parte do mundo já enfrenta problemas de escassez hídrica ou tem risco de enfrentar períodos de escassez. A figura abaixo mostra o panorama do risco de escassez de água no mundo, através de um índice que vai de baixo até altíssimo risco. Ela nos mostra que mesmo em países com recursos hídricos abundantes existem riscos de escassez, seja por efeitos climáticos ou por dificuldades logísticas para o fornecimento de água, como observamos na crise hídrica de São Paulo em 2016.

 

Consumo efetivo de água:

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Fonte: World Resources Institute, Projeto Aqueduct, 2014.

 

O Brasil é um país privilegiado, por dispor de mais água doce do que qualquer outro país no mundo, no entanto, mesmo aqui já sentimos o efeito da escassez – históricamente durante as secas que assolam o nordeste, e mais recentemente no episódio de racionamento na cidade de São Paulo – entre outros exemplos. Cerca de 75% da água do Brasil está localizada nos rios da Bacia Amazônica, que é habitada por menos de 5% da população. A disponibilidade de água é menor aonde a maior parte da população se encontra, nas cidades costeiras, como Aracajú, Rio de Janeiro e São Paulo, criando regiões de médio e alto risco de escassez na costa brasileira. Para piorar a situação, o Brasil registra elevado desperdício nas redes de distribuição: dependendo do município, até 60% da água tratada para consumo se perde, especialmente por vazamentos nas tubulações.

 

Usos da água no mundo e no Brasil

A maior parte da água doce no mundo (cerca de 70%) é utilizada para irrigação e outros fins no setor de agricultura. A indústria utiliza cerca de 22% da água e o uso doméstico cerca de 8%. Em países industrializados, este quadro muda um pouco, com mais água para alocada na indústria e menos na agricultura. No Brasil, utilizamos 72% da água para a agricultura; 9% para a dessedentação animal (em setores como a pecuária); 6% na indústria; e 10% para fins domésticos, segundo relatório da Agência Nacional de Águas em 2015, conforme mostra a figura abaixo.

 

Índice de risco de escassez de água:

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Fontes: Mundo: “Water for People, Water for Life” United Nations World Water Development Report, UNESCO, 2003; Brasil: Agência Nacional de Águas, 2016.

 

Tratando específicamente da indústria, a água é um insumo fundamental para diversos fins: como matéria prima, na geração de vapor, em sistemas de refrigeração e climatização, para limpeza de áreas, fins sanitários, entre outros usos.

 

Por que economizar água?

Ainda tratando especificamente da indústria, a escassez de água representa uma série de riscos, com consequências socio-econômicas potencialmente graves, por exemplo:

  • Risco de disponibilidade e custo de matérias primas que dependem de água (por exemplo, no caso de uma cervejaria, a escassez de água pode resultar numa escassez de cevada no mercado, aumentando o custo deste insumo);
  • Perda de competitividade (ainda usando o exemplo acima, o aumento do custo de um insumo pode resultar no aumento do preço final do produto, e portanto em perda de competitividade em relação à concorrência, ou daquele produto no mercado global);
  • Prejuízos por pausas em linhas de produção (Se a água é matéria prima para uma linha de produção e o fornecimento de água é cortado, a linha pode ser obrigada a parar, e como consequência haverão prejuízos pela não produção naquele período);
  • Risco reputacional (A reputação de certos tipos de indústria que utilizam muita água, como a indústria do alumínio, está intrinsicamente ligada à qualidade e disponibilidade de água no seu entorno. No caso de um episódio de escassez, uma fábrica ter um conflito de interesse com a comunidade que a cerca tendo que decidir entre quem recebe a água, entre a comunidade ou a fábrica);
  • Risco trabalhista (a ONU estima que 3 a cada 4 empregos no mundo estejam conectados à disponibilidade de água e portanto estejam potencialmente em risco no caso de eventos de escassez);
  • Maior custo com tratamento de água ou de compra de água de fontes alternativas (em um evento de escassez, a indústria pode ser forçada a comprar água de fontes mais caras, ou a captar água de fontes com maior custo de tratamento).

 


Fonte: Sistema de Autoavaliação da Eficiência Hídrica – SaveH (AMBEV).