Atualmente a Coréia do Sul revela-se para o mundo como uma importante potência econômica e uma referência em projetos urbanos sustentáveis. Uma das principais buscas do país é pela revitalização dos rios e da biodiversidade nativa. Em outras palavras, a mudança de paradigmas está por todas as cidades da Coreia e não somente em Seul, onde o córrego Cheong Gye Cheon ficou conhecido, internacionalmente, como um exemplo de sucesso de revitalização. Este córrego sofreu com as devastações da rápida urbanização do país e a ocupação irregular das zonas ribeirinhas da cidade que foi basicamente composta por construções sobre palafitas e sem a menor infraestrutura. Com o avanço da urbanização o córrego acabou sendo coberto, em meados dos anos 70, dando lugar a uma avenida e por cima dela um elevado, onde passavam em média 8000 carros por dia. Com o tempo os arredores da área e o próprio viaduto foram se degradando, até apresentar o comprometimento da estrutura, o que obrigou o governo a tomar atitudes para solucionar o problema.

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Foto e Representação Técnica da Situação anterior do Córrego Cheong Gye Cheon

Em 2002, o então prefeito Myung-bak Lee, a partir da pressão da população e da péssima situação do local, optou pela retirada da via e do elevado em questão, uma obra complexa que durou aproximadamente 27 meses e trouxe de volta para cidade de Seul seu principal córrego, agora renaturalizado. A ideia do projeto surgiu de uma conversa informal entre dois professores que sofriam com o transito intenso no viaduto que se superpôs ao leito do rio, e ainda assim não resolvia a questão de mobilidade ao que se propunha. Neste momento foi-se idealizando mentalmente a revitalização do conjunto urbano da área em conjunção com a ocupação programada das margens e trazer ao rio sua condição natural do passado. Toda a região próxima à área reurbanizada se renovou por consequência do projeto.

 

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Conceito do Projeto de Renaturalização do Córrego Cheong Gye Cheon

Em suas margens houve a implantação de um grande parque linear de 5,84 quilômetros, com espaços de lazer, a implantação de uma rede de esgotamento sanitário, sistema de drenagem de águas pluviais, a construções de pontes de conexão entre os dois lados, o plantio de espécies nativas, entre outros aspectos que acabaram por conectar muito mais a população local. O projeto foi calculado para uma chuva de 200 anos. O córrego e o parque localizados em suas margens ficam entre 3 a 5 metros abaixo do nível da rua, chegando até uma reserva ecológica de mais de 1,1 quilometro quadrado, e posteriormente seguindo até o Rio Han, que atravessa por toda a cidade.

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Comparativo entre a situação anterior e a situação atual do Córrego Cheong Gye Cheon

O plano foi divido em três etapas: a primeira dedica-se a história da cidade, a segunda valorizando a cultura e a urbanidade e a terceira a natureza, com parte das ruinas do antigo viaduto marcando o passado ali existente.

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Córrego Cheong Gye Cheon (atual)

 


Bibliografia

Urbanização sustentável e a recuperação de fundos de vale: estudos de caso nas cidades do Rio de Janeiro e Seul / Thaís Peva Costa; orientador: Celso Romanel; co-orientador: Ernani de Souza Costa. – 2015. (Texto Adaptado)